a literatura só começa quando nasce em nós uma terceira pessoa que nos destitui do poder de dizer Eu (o “neutro” de Blanchot).
Não se escreve com as próprias neuroses. A neurose, a psicose não são passagens de vida, mas estados em que se cai quando o processo é interrompido, impedido, colmatado. A doença não é processo, mas parada do processo, como no “caso Nietzsche”.
Logo, é de duas maneiras que o estudante esquizofrênico carece de um “simbolismo” : de um lado, pela subsistência de distâncias patogênicas que nada vem preencher; de outro lado, pela emergência de uma falsa totalidade que nada pode definir. Por isso vive ele ironicamente seu próprio pensamento como um duplo simulacro de um sistema poético-artístico e de um método lógico-científico.
Deleuze, Gilles, 1925 -1995 Crítica e clínica; tradução de Peter Pál Pelbart. — São Paulo: Ed. 34,1997 p13.
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