segunda-feira, 2 de setembro de 2019


Então, o que é a Verdade Absoluta? De acordo com o Budismo, a Verdade Absoluta é que não há nada absoluto no mundo, tudo é relativo, condicionado e impermanente ou que não existe nada que seja imutável, eterno, uma qualquer essência tal como Individualidade, Alma ou Ãtman, interior ou exteriormente.

É esta a Verdade Absoluta. A verdade nunca é negativa, embora possa ser expressa, na linguagem comum, pela negativa. Ver a Verdade, i.e., ver as coisas como elas realmente são (yathãbhütam), sem ilusão ou ignorância (avijjã), é a eliminação do desejo ardente, “sede” (Tanhakkhaya) e a cessação (Nirodha) de dukkha, a qual é Nirvana. Será útil e oportuno relembrar aqui o entendimento Mahãyãna de Nirvana, segundo o qual este não é diferente de Samsãra; são a mesma coisa, Samsãra e Nirvãna, sendo a sua diferenciação somente o resultado do modo como se olha - subjectiva ou objectivamente. Esta visão Mahãyãna foi provavelmente desenvolvida a partir das ideias veiculadas nos textos originais em Pali da Theravãda, aos quais nos temos vindo a referir na nossa breve análise.

É incorrecto pensar que Nirvãna é o resultado natural da eliminação do desejo. Nirvãna não é o resultado de coisa alguma. Se fosse um resultado, então seria um efeito produzido por uma causa. Seria então samkhata, “produzido” e “condicionado”. Nirvãna não é nem causa nem efeito. Está para além de causa e efeito. Não é criado, ao contrário dos estados mentais místicos ou espirituais, tais como dhyãna ou samãdhi. A VERDADE É. NIRVÃNA É. A única coisa que se pode fazer é vê-lo, realizá-lo. Existe um caminho que conduz à realização de Nirvãna. Mas Nirvãna não é o resultado desse caminho.

RAHULA, Walpola. O Ensinamento de Buda. Editorial Estampa, Lda., Lisboa, 2005. p88-89













Benivaldo do Nascimento Junior

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