segunda-feira, 2 de setembro de 2019





Enfim, a consciência e essencialmente livre; é a própria liberdade; mas não pode atravessar a matéria sem se pousar sobre ela, sem se adaptar a ela: essa adaptação é o que se chama intelectualidade; e a inteligência, voltando-se para a consciência atuante, isto é, livre, a faz naturalmente entrar nos quadros nos quais costuma ver a matéria se inserir. Perceberá portanto sempre a liberdade sob a forma de necessidade; sempre negligenciará a parte de novidade ou de criação inerente ao ato livre, sempre substituirá a ação mesma por uma imitação artificial, aproximativa, obtida compondo o antigo como antigo e o mesmo como mesmo. Assim, aos olhos de uma filosofia que se esforça para reabsorver a inteligência na intuição, muitas dificuldades se desvanecem ou se atenuam. Mas uma tal doutrina não facilita apenas a especulação. Dá-nos também mais força para agir e para viver.

Bergson. Henri.  A Evolução Criadora: tradução Bento Prado, Martins Fonte, São Paulo, 2005. p292


Que tipo de faculdade permitiria ao homem ultrapassar o plano da adaptação? Qual é a fonte da sua abertura excepcional à incógnita absoluta dos objetos virtuais? Em que escarpa virtuosa realiza-se o triunfo sobre o mecanismo e a necessidade? Como o compasso acertado entre a inteligência e a atividade funcional se dobra a plasticidade de uma forma imprevisível? De que modo a linha do homem se mostra capaz de “baralhar os planos”, dando passagem ao impulso vital que lhe atravessa no rumo de uma “direção aberta”? 



Torelly, Gabriel. Memória e fabulação em Henri Bergson: considerações sobre a experiência do tempo no ensino de História. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Porto Alegre,  2014.








Benivaldo do Nascimento Junior

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