segunda-feira, 13 de abril de 2020

LACAN, DELEUZE E GUATTARI: ESCRITAS QUE SE FALAM

Ainda que os que se inspiram na leitura de Deleuze e Guattari julguem que a partir de Mil Platôs os autores tenham se distanciado o suficiente da psicanálise para poder prescindir dela, inventando conceitos que desembocam numa outra concepção de clínica, no limiar entre a filosofia, a arte e a política, sustentamos que é desde uma interlocução privilegiada com a psicanálise que se forja o seu pensamento. Se essa interlocução enuncia, por um lado, uma total recusa do conceito de desejo atrelado ao Édipo e à castração, ela indica, por outro, que a formulação de noções como as de inconsciente maquínico, corpo-sem-órgãos e máquinas desejantes nutre-se de conceitos freudianos como os de pulsão, inconsciente e sexualidade perverso polimorfa. O Anti-Édipo, e o que dele decorre, não é, por princípio, uma anti-psicanálise. Antes, pode servir-nos de instrumental para uma avaliação dos limites e possibilidades da psicanálise no contemporâneo (Néri, 2003).

LACAN, DELEUZE E GUATTARI: ESCRITAS QUE SE FALAM Analice de Lima Palombini Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
 Psicologia & Sociedade; V. 21 Edição Especial: 39-42, 2009

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