sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

 

Metabolismo e Efeitos da Acrilamida no Sistema Nervoso e em Órgãos Humanos

A acrilamida (C₃H₅NO) é uma amida insaturada altamente reativa e tóxica que pode ser encontrada em alimentos processados, como batatas fritas, biscoitos e café, sendo formada durante a reação de Maillard. Sua toxicidade tem sido amplamente investigada devido ao seu potencial neurotóxico, carcinogênico e genotóxico. A seguir, discutiremos detalhadamente seu metabolismo, seus efeitos no cérebro, no sistema nervoso e em órgãos específicos.


1. Metabolismo da Acrilamida

A acrilamida é absorvida no trato gastrointestinal, pele e pulmões, distribuindo-se rapidamente pelo organismo. Seu metabolismo ocorre principalmente no fígado, através das seguintes vias:

1.1 Bioativação e Detoxificação Hepática

  1. Oxidação pelo Citocromo P450 (CYP2E1)

    • A principal via metabólica ocorre pela ação da enzima CYP2E1, que converte a acrilamida em glicidamida, um epóxido altamente reativo.
    • A glicidamida é a principal responsável pela toxicidade genotóxica da acrilamida, pois forma adutos covalentes com macromoléculas celulares, como proteínas e DNA.
  2. Conjugação com Glutationa (GSH)

    • Outra via de metabolismo envolve a conjugação da acrilamida com a glutationa (GSH), via ação da glutationa S-transferase (GST), gerando metabólitos não tóxicos, excretados na urina.
    • A glicidamida também pode ser conjugada com GSH, embora sua reatividade seja maior e sua capacidade de interagir com o DNA e proteínas celulares aumente.
  3. Excreção

    • Os metabólitos da acrilamida são eliminados principalmente pela urina, na forma de conjugados com ácido mercaptúrico.

2. Efeitos Celulares e Bioquímicos

A acrilamida e seus metabólitos têm múltiplos efeitos tóxicos no nível celular, incluindo estresse oxidativo, danos ao DNA e inibição de enzimas essenciais.

2.1 Estresse Oxidativo

  • A acrilamida induz um aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (ROS), levando à peroxidação lipídica e apoptose celular.
  • A redução dos níveis de GSH reduz a capacidade celular de neutralizar o estresse oxidativo, tornando as células mais vulneráveis a danos.

2.2 Adutos DNA-Proteína

  • A glicidamida reage com nucleotídeos do DNA, levando a mutações e aberrações cromossômicas.
  • Ligações covalentes entre a glicidamida e proteínas estruturais afetam a função celular e promovem disfunção metabólica.

2.3 Disfunção Mitocondrial

  • A acrilamida reduz a atividade de enzimas da cadeia respiratória mitocondrial, comprometendo a produção de ATP.
  • Ocorre liberação de citocromo c, ativação de caspases e indução de apoptose neuronal.

3. Efeitos no Sistema Nervoso e Neurotransmissão

A acrilamida tem um impacto direto no sistema nervoso, sendo amplamente reconhecida como neurotoxina.

3.1 Alterações na Neurotransmissão

  • Dopamina: Estudos indicam que a acrilamida reduz a liberação de dopamina no estriado, o que pode levar a sintomas semelhantes ao Parkinson.
  • Serotonina: A neurotoxicidade da acrilamida também reduz os níveis de serotonina, resultando em disfunções psiquiátricas, como depressão e ansiedade.
  • Acetilcolina: Observa-se uma redução na atividade da acetilcolinesterase, levando a um acúmulo de acetilcolina na fenda sináptica, o que pode causar disfunção neuromuscular.
  • Glutamato: O aumento do estresse oxidativo leva a uma excitotoxicidade glutamatérgica, contribuindo para a degeneração neuronal.

3.2 Mecanismo de Neurotoxicidade

  • A acrilamida interfere na polimerização da tubulina, levando à disfunção do transporte axonal, o que contribui para neuropatia periférica.
  • A degradação dos microtúbulos afeta a transmissão de sinais nos neurônios motores, causando fraqueza muscular e ataxia.

4. Efeitos Sistêmicos nos Órgãos

A toxicidade da acrilamida não se restringe ao sistema nervoso, afetando diversos órgãos.

4.1 Fígado

  • A sobrecarga metabólica leva à disfunção hepática e à formação de adutos de glicidamida-DNA, promovendo hepatotoxicidade e carcinogênese.

4.2 Rins

  • Os metabólitos da acrilamida são eliminados pelos rins, o que pode causar nefrotoxicidade, evidenciada por danos aos túbulos renais.

4.3 Sistema Reprodutivo

  • Redução da espermatogênese e danos ao DNA dos espermatozoides foram observados em estudos experimentais, comprometendo a fertilidade.

4.4 Coração e Sistema Cardiovascular

  • A formação de ROS leva a danos ao endotélio vascular e disfunção cardíaca, podendo aumentar o risco de doenças cardiovasculares.

5. Efeitos Psicológicos e Psiquiátricos

Devido ao impacto nos neurotransmissores dopaminérgicos e serotoninérgicos, a acrilamida pode induzir alterações psiquiátricas.

5.1 Déficits Cognitivos

  • Redução da memória de curto prazo devido à morte neuronal no hipocampo.

5.2 Transtornos de Humor

  • Diminuição de serotonina e dopamina pode levar a ansiedade e depressão.
  • Em estudos animais, a exposição crônica à acrilamida induziu comportamentos depressivos semelhantes aos observados em transtornos afetivos.

6. Conclusão

A acrilamida é um composto tóxico que apresenta uma ampla gama de efeitos adversos no organismo humano, especialmente no sistema nervoso e nos órgãos metabólicos. Seu metabolismo gera produtos altamente reativos, como a glicidamida, que interage com proteínas e DNA, levando a danos celulares, estresse oxidativo e neurotoxicidade. Além de afetar a neurotransmissão, pode contribuir para neuropatias, transtornos psiquiátricos e câncer.


7. Referências Científicas

  1. Tareke, E., Rydberg, P., Karlsson, P., Eriksson, S., & Törnqvist, M. (2002). "Acrylamide: A cooking carcinogen?" Chemical Research in Toxicology, 15(5), 614-619. DOI: 10.1021/tx015597e

  2. LoPachin, R. M., Gavin, T., DeCaprio, A., & Barber, D. S. (2012). "Application of the electrophilic index to acrylamide neurotoxicity." NeuroToxicology, 33(6), 1354-1361. DOI: 10.1016/j.neuro.2012.09.004

  3. Zhao, X., Yang, S., Wang, X., & Yang, X. (2020). "Effects of acrylamide on central nervous system neurotransmitters and oxidative stress in rats." Toxicology Research, 9(4), 427-435. DOI: 10.1039/D0TX00049H

Esses estudos destacam a importância da regulação da exposição à acrilamida, reforçando a necessidade de investigações adicionais sobre seus impactos no organismo humano.

 

Acrilamida e sua Relação com o Câncer: Aspectos Celulares, Bioquímicos e Alimentares

A acrilamida é um composto tóxico classificado como provável carcinógeno humano (Grupo 2A) pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC). Ela é amplamente estudada por seu impacto na saúde, especialmente no desenvolvimento de neoplasias. O mecanismo bioquímico de sua ação carcinogênica envolve a formação de adutos no DNA, mutagênese e estresse oxidativo, que podem levar à transformação celular maligna.

Além disso, a acrilamida é encontrada em alimentos submetidos a altas temperaturas, principalmente devido à reação de Maillard, sendo um risco potencial à saúde pública. A seguir, detalhamos os mecanismos pelos quais a acrilamida contribui para o câncer e sua presença na alimentação.


1. Mecanismos Celulares e Bioquímicos da Carcinogênese Induzida pela Acrilamida

A toxicidade da acrilamida ocorre por sua conversão no metabólito glicidamida, altamente reativo. Este metabólito interage com componentes celulares críticos, iniciando processos oncogênicos.

1.1 Formação de Adutos com o DNA

  • A glicidamida forma ligações covalentes com nucleotídeos do DNA, especialmente com a guanina e adenina, criando adutos glicidamida-DNA.
  • Esses adutos induzem mutações pontuais, que podem resultar em ativação de oncogenes (ex: RAS) ou inativação de genes supressores tumorais (ex: TP53).

1.2 Mutagênese e Instabilidade Genômica

  • As células expostas à glicidamida apresentam altas taxas de mutação espontânea, resultando em aberrações cromossômicas.
  • A instabilidade genômica favorece o acúmulo de alterações genéticas que promovem a proliferação celular descontrolada.

1.3 Estresse Oxidativo e Inflamação Crônica

  • A metabolização da acrilamida gera espécies reativas de oxigênio (ROS), que danificam lipídios, proteínas e DNA.
  • Esse estresse oxidativo ativa vias inflamatórias, como a via do fator nuclear kappa B (NF-κB), promovendo a sobrevivência celular aberrante e resistência à apoptose.

1.4 Interferência nos Mecanismos de Reparação do DNA

  • A acrilamida inibe sistemas de reparo do DNA, como a via de reparação por excisão de bases (BER), aumentando a carga mutacional.
  • A persistência dos danos no DNA leva a um ciclo de mutações cumulativas, contribuindo para a transformação neoplásica.

1.5 Epigenética e Expressão Gênica Aberrante

  • A acrilamida altera a metilação do DNA, reprimindo genes supressores tumorais.
  • Há também modificações pós-traducionais nas histonas, favorecendo a expressão de genes pró-carcinogênicos.

2. Principais Tipos de Câncer Associados à Acrilamida

Estudos epidemiológicos e experimentais sugerem que a exposição crônica à acrilamida está associada ao aumento do risco para diversos tipos de câncer:

2.1 Câncer de Fígado

  • O fígado é o principal órgão de metabolização da acrilamida, sendo altamente suscetível a mutações induzidas por glicidamida.
  • Observam-se hepatocarcinomas em modelos animais expostos à substância.

2.2 Câncer de Pâncreas

  • O pâncreas é sensível a alterações metabólicas e epigenéticas induzidas pela acrilamida.
  • Estudos sugerem que a acrilamida pode interferir na homeostase da insulina, facilitando a progressão de tumores pancreáticos.

2.3 Câncer de Pulmão

  • Estudos mostram que fumantes apresentam níveis elevados de acrilamida no sangue, indicando um potencial efeito sinérgico entre a acrilamida e carcinógenos do tabaco.

2.4 Câncer de Mama

  • Exposição prolongada à acrilamida está associada ao aumento da proliferação de células mamárias em resposta ao estresse oxidativo.

2.5 Câncer de Endométrio e Ovário

  • A acrilamida pode atuar como um disruptor endócrino, alterando níveis de estrogênio e favorecendo neoplasias dependentes desse hormônio.

3. Formação de Acrilamida nos Alimentos

A acrilamida é formada principalmente pela Reação de Maillard, um processo químico que ocorre durante o cozimento de alimentos ricos em carboidratos e asparagina a altas temperaturas (>120°C).

3.1 Mecanismo de Formação

  • O aminoácido asparagina reage com açúcares redutores (como glicose e frutose) sob calor intenso, formando acrilamida como subproduto da reação.
  • Esse processo ocorre em alimentos assados, fritos e grelhados.

3.2 Alimentos com Maior Teor de Acrilamida

Os alimentos mais suscetíveis à formação de acrilamida incluem:

  1. Batatas Fritas e Chips

    • São os alimentos mais associados à acrilamida, pois possuem alta concentração de asparagina e são submetidos a frituras prolongadas (>180°C).
  2. Pães e Produtos Assados

    • A crosta do pão contém níveis significativos de acrilamida devido à caramelização.
    • Biscoitos e cereais matinais processados também apresentam quantidades detectáveis.
  3. Café

    • A torrefação dos grãos de café gera acrilamida, sendo uma das principais fontes diárias de exposição.
  4. Alimentos Processados e Industrializados

    • Petiscos como bolachas, salgadinhos e cereais infantis frequentemente contêm níveis elevados de acrilamida.
  5. Carne Grelhada e Assada

    • Embora carnes não contenham açúcares suficientes para formar acrilamida diretamente, o processo de grelhamento pode gerar compostos carcinogênicos similares, como aminas heterocíclicas.

4. Estratégias para Redução da Acrilamida nos Alimentos

Diversos métodos podem minimizar a formação de acrilamida na alimentação:

4.1 Ajustes na Preparação

  • Evitar frituras prolongadas e preferir métodos como cozimento a vapor ou fervura.
  • Assar a temperaturas mais baixas (<120°C) para reduzir a reação de Maillard.
  • Pré-lavar batatas cruas antes da fritura para remover açúcares superficiais.

4.2 Melhorias no Processamento Industrial

  • Uso de enzimas como a asparaginase, que degrada a asparagina antes do cozimento.
  • Modificação das formulações de produtos assados para reduzir açúcares redutores.

4.3 Estratégias Nutricionais

  • O consumo de antioxidantes (como vitamina C, vitamina E e polifenóis) pode ajudar a neutralizar os efeitos do estresse oxidativo induzido pela acrilamida.

5. Conclusão

A acrilamida é uma substância tóxica amplamente presente na dieta moderna devido a processos térmicos industriais e domésticos. Seu principal mecanismo carcinogênico envolve a conversão em glicidamida, que interage com o DNA e promove instabilidade genômica, contribuindo para a formação de tumores em diferentes órgãos.

O conhecimento de seus efeitos e da sua presença nos alimentos permite adotar estratégias para minimizar a exposição, reforçando a importância da pesquisa contínua para estabelecer diretrizes regulatórias e recomendações dietéticas.


6. Referências Científicas

  1. Tareke, E., Rydberg, P., Karlsson, P., Eriksson, S., & Törnqvist, M. (2002). "Acrylamide: A cooking carcinogen?" Chemical Research in Toxicology, 15(5), 614-619. DOI: 10.1021/tx015597e

  2. IARC (International Agency for Research on Cancer). (2015). "Acrylamide: IARC Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans, Volume 116". Disponível em

  3. Mojska, H., Gielecińska, I., & Szponar, L. (2010). "Acrylamide levels in commercial food products in Poland". Rocz Panstw Zakl Hig, 61(1), 27-31


1. Panorama Geral da Reação de Maillard e Geração de Acrilamida

A Reação de Maillard é um conjunto complexo de reações químicas que ocorre entre um aminoácido (especialmente a asparagina) e um açúcar redutor (por exemplo, glicose ou frutose) em presença de calor, resultando em uma vasta gama de produtos, entre eles a acrilamida (C₃H₅NO).

Em termos gerais:

Asparagina+Açúcar Redutor  Calor>120C  Produtos de Maillard+Acrilamida

C = Calor

2. Estrutura dos Principais Reagentes

  1. Asparagina (aminoácido):

    rmula bruta: C4H8N2O3

    Estrutura (forma simplificada):

    H2NCH(COOH)CH2CONH2
    • Grupo α-amino (H₂N–) e grupo lateral com amida (–CONH₂).
  2. Glicose (açúcar redutor):

    mula bruta: C6H12O6

    Na forma aberta, exibe um grupo carbonila (–CHO) reativo:

    HOCH2(CHOH)4CHO

3. Etapas Fundamentais no Mecanismo de Formação da Acrilamida

Embora a formação exata seja complexa e inclua muitos intermediários, podemos dividi-la em quatro etapas principais: (1) formação da base de Schiff, (2) rearranjo de Amadori, (3) descarboxilação e desaminação da asparagina, e (4) geração de acrilamida.

3.1 Formação da Base de Schiff

  1. Reagentes: Asparagina (no grupo amino α-livre) e glicose (na forma aberta do anel, com o grupo carbonila livre).

  2. Reação: O grupo amino (–NH₂) da asparagina reage com a carbonila (–CHO) da glicose para formar uma base de Schiff (iminas).

    H2NCH(COOH)CH2CONH2  +  HOCH2(CHOH)4CHOCalor[Base de Schiff]+H2O
    • A base de Schiff resultante (ou “glicosilamina”) é instável e se rearranja em uma etapa subsequente.

3.2 Rearranjo de Amadori

  1. Intermediário: A base de Schiff sofre um rearranjo intramolecular, conhecido como Rearranjo de Amadori, formando compostos cetoaminos (Amadori ou Heyns, dependendo do açúcar e do aminoácido envolvidos).
  2. Estrutura Geral

    [Base de Schiff]Rearranjo Amadori→Amadori (cetoamina)

  3. Esses intermediários podem sofrer diversas rotas de fragmentação e ciclização, abrindo caminho para a formação de acrilamida.

3.3 Descarboxilação e Desaminação da Asparagina

  1. Descarboxilação (perda de CO₂): O grupo carboxílico (–COOH) da asparagina pode ser removido, liberando dióxido de carbono (CO₂).

  2. Desaminação (perda de NH₃): A porção amida do grupo lateral (–CONH₂) pode se converter em estruturas intermediárias que resultam na liberação de amônia (NH₃).

    Geralmente, aponta-se para a descarboxilação do esqueleto da asparagina, seguida pela desaminação da porção lateral, gerando intermediários altamente reativos que culminam na produção de acrilamida.

3.4 Formação da Acrilamida

  1. Intermediário Reativo: Após o rearranjo de Amadori e as reações de descarboxilação e desaminação, forma-se um intermediário reativo que evolui para acrilamida.
  2. Estrutura Resultante: Acrilamida: H2C=CHCONH2
  3. Equação Global Simplificada: Asparagina+GlicoseCalor>120CAcrilamida+CO2+NH3+Outros produtos de Maillard

4. Exemplo de Equações Químicas Simplificadas

4.1 Formação da Base de Schiff

H2NCH(COOH)CH2CONH2Asparagina+HOCH2(CHOH)4CHOGlicose (forma aberta)    RCH=NCH2(CHOH)4CH2OHBase de Schiff+H2O

Observação: “R” representa o resto molecular associado à asparagina (–CH(COOH)–CH₂–CONH₂).

4.2 Rearranjo de Amadori

RCH=NCH2(CHOH)4CH2OH  Δ  RC(NH2)=O+Intermediários de Amadori

(Etapas complexas de tautomerização e rearranjo.)

4.3 Descarboxilação e Formação Final de Acrilamida

Intermedrios de Amadori  Δ  H2C=CHCONH2Acrilamida+CO2+NH3+Outros subprodutos

5. Considerações Termodinâmicas e Cinéticas

  • Temperatura: A formação de acrilamida é favorecida em temperaturas superiores a 120°C, intensificando-se significativamente em torno de 150–190°C (como em frituras e assamentos).
  • Tempo de Exposição: Maior tempo de aquecimento prolonga as etapas de rearranjo, descarboxilação e desaminação, elevando a quantidade de acrilamida formada.
  • pH: Condições ligeiramente alcalinas ou neutras costumam favorecer a Reação de Maillard, embora a reação possa ocorrer em amplo intervalo de pH.

6. Conclusão

A formação de acrilamida em alimentos como batatas decorre de reações químicas complexas que iniciam com a combinação de asparagina e açúcares redutores sob altas temperaturas. O mecanismo central envolve a formação de uma base de Schiff, seguida pelo Rearranjo de Amadori, culminando na descarboxilação e desaminação de intermediários da asparagina para a geração de acrilamida (H₂C=CH–CONH₂). Essas transformações químicas estão intrinsecamente ligadas aos sabores e aromas desejáveis da Reação de Maillard, mas resultam em um composto tóxico de preocupação para a saúde humana.


7. Referências Bibliográficas

  1. Mottram, D. S., Wedzicha, B. L., & Dodson, A. T. (2002). Acrylamide is formed in the Maillard reaction. Nature, 419(6906), 448-449.
    [Link: https://www.nature.com/articles/419448a]

  2. Tareke, E., Rydberg, P., Karlsson, P., Eriksson, S., & Törnqvist, M. (2002). Acrylamide: A cooking carcinogen? Chemical Research in Toxicology, 15(5), 614-619.
    [Link: https://pubs.acs.org/doi/10.1021/tx015597e]

  3. Yaylayan, V. A., & Wnorowski, A. (2006). Why Asparagine Needs Carbohydrates to Generate Acrylamide. In Skog, K. & Alexander, J. (Eds.), Acrylamide and other hazardous compounds in heat-treated foods. Woodhead Publishing.
    [Capítulo que descreve em detalhes os mecanismos químicos.]

  4. Claeys, W., De Vleeschouwer, K., & Hendrickx, M. E. (2005). Quantifying the formation of acrylamide in fried potatoes: effect of precursor concentrations and processing conditions. Food and Chemical Toxicology, 43(6), 791-805.
    [Link: https://doi.org/10.1016/j.fct.2005.01.001]



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