quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Sobre o amor, o desejo e os parceiros

 Sobre o amor, o desejo e os parceiros

 

About love, desire and partners

 

 

Marcia Assis*

Internacional dos Fóruns - Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano. Fórum Rio de Janeiro
Fórum do Campo Lacaniano de Niterói

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente trabalho traz as articulações entre amor e desejo e, partindo do princípio que no nível do gozo não há par, aponta o parceiro do desejo e a parceria amorosa, enquanto apresenta o amor em três versões: o amor paixão ignorante do desejo, que mente sobre o verdadeiro parceiro; o amor de transferência, condição e obstáculo da análise; e o amor mais digno, que não acredita no parceiro mas reconhece o outro como unicidade solitária.

Palavras-chave: Amor, Desejo, Gozo, Objeto a.


ABSTRACT

the present work discusses the articulations between love and desire and, departing from the principle that, at the level of jouissance there is no pairing, it points out the partner of the desire and the love partnership while it presents love in three versions: love as passion, ignorant of desire, which lies about the true partner, love of transference, condition and obstacle to the analysis, and the more dignified love, which does not believe in the partner, but acknowledges the other as solitary uniqueness.

Keywords: Love, Desire, Jouissance, Object a.


 

 

Introdução

Não há relação sexual: eis o impossível que não cessa de não se escrever. Porém, há "uma relação de amor possível que, desta vez, reconhece o outro" (SOLER, 2012, p. 183). O trecho citado, recortado de Lacan, o inconsciente reinventado, foi o elemento provocador, instigando esta elaboração. O capítulo O amor e o Real nos faz pensar sobre os efeitos da análise diante da questão amorosa. Sendo o amor uma paixão amiga da ignorância, que não quer saber nada disso, aposta-se na mudança, considerando-se que a experiência analítica desvela o real irredutível da castração.

O gozo não é ligante por si só. No nível do gozo não há par. Impossível escrever o dois do sexo. Mas há o par da fantasia, esteio do desejo. Ressalto, no entanto, que o desejo não comporta uma relação subjetiva simples com o objeto, tal como representado pelo losango no matema da fantasia. No seminário A angústia, Lacan propôs ler este matema da seguinte maneira: $ desejo de a (1962-63/2005, p. 59). Eis o casal que se apresenta no nível do desejo, $ em suas relações possíveis com o objeto a mais-de-gozar. Isto envolve um gozo, certamente, o gozo fálico ao redor do qual tudo gira, segundo o que se demonstra na experiência analítica, justamente por ser tal gozo obstáculo. Faço referência ao seminário Mais Ainda, onde Lacan explicita que o gozo fálico obstaculiza o homem gozar do corpo da mulher, pois do que ele goza é do gozo do órgão (1972-73/ 1985, p. 15). Ou seja, "o gozo enquanto sexual, é fálico, quer dizer, ele não se relaciona ao Outro como tal" (Ibid., p. 18).

 

O amor ignorante do desejo

Do que se trata no amor? Será que é fazer um só? Estas são questões trazidas por Lacan no seminário citado acima, às quais acrescento mais uma: qual é o par no nível do amor?

O amor é sempre recíproco, pois "o amor demanda o amor" (Ibid., p. 12). "Amar é querer ser amado" (1964/1988, p. 239), afirmativa de Lacan que denuncia a essência narcísica do amor, salientada desde Freud. Eis a baixeza do amor, revelada por Alcibíades em sua busca pelo agalma (LACAN, 1964/1998, p. 867).

Ainda no Seminário 20 (op. cit., p. 12), ao falar sobre o amor, Lacan nos diz ser este uma paixão ignorante do desejo, impotente e recíproco, pois "ignora que é apenas o desejo de ser Um, que nos conduz ao impossível de estabelecer a relação dos dois sexos" (Ibid., p. 14). Para ilustrar este impossível, Lacan recorreu ao paradoxo de Zenão, onde Aquiles só pode ultrapassar a tartaruga e não em(par) elhar-se a ela. Eis o dito para o que concerne ao gozo sexual: de Dois não se faz Um. Esse Um só se aguenta pela via do significante. O gozo é solitário. Os corpos copulam porque as palavras copulam. "Um corpo, isso se goza. Isso se goza por corporizá-lo de maneira significante" (LACAN, 1972-73/1985, p. 35). A linguagem é obstáculo ao gozo pleno. Este é da ordem do impossível ao ser falante. Resta o gozo limitado, castrado, gozo ferido.

Entre os seres falantes, o ato de amor é a perversão polimorfa do macho, ou seja, sendo falante, aquele que se vê macho aborda a mulher, no entanto, o que ele aborda é o objeto a, causa de seu desejo. Não há acesso ao Outro a não ser pela via das pulsões parciais. É em revolver esses objetos para neles resgatar, restaurar em si sua perda original, que se empenha a atividade pulsional (LACAN, 1964/1998, p. 863). Porém, os corpos que gozam, solitariamente, vêm a se atrair eletivamente. Sem esquecer que há reciprocidade entre o amar e o ser amado, pressupondo um par. No entanto, que par é este? Haverá outro par que não seja o da fantasia, se o parceiro do sujeito não é o Outro, mas o que vem substituir-se a ele na forma de causa de desejo, forma a-sexuada? Dito de outro modo, o objeto que causa o desejo não é nenhum parceiro em particular, apenas a contrapartida do sujeito na fantasia. O que nos leva a reafirmar que o amor é enganador, pois ele mente sobre o verdadeiro parceiro. Soler enfatiza este ponto, o parceiro do casal é sempre o lugar-tenente do verdadeiro parceiro: Dante só obtém de Beatriz um batimento de cílios, um olhar, objeto de sua fantasia (SOLER, 2012, p. 186). Tal exemplo diz o que vale em Beatriz, invólucro do objeto a mais-de-gozar, mas não diz por que Beatriz e não Julieta.

O verdadeiro parceiro, o objeto a, não tem nome, nem imagem. "Ele é causa de angústia, justamente por ser anônimo e desconhecido" (Ibid., p. 170). Ele causa o desejo, mas como indeterminado. A causa faz desejar, lança o vetor, deixando o alvo em branco, quer dizer, não diz sobre o desejável, sobre o parceiro eleito, de onde extrair o mais-de-gozar visado. Soler nos convida à releitura do seminário A angústia (op. cit.) para alcançarmos a distinção estabelecida por Lacan entre o objeto a como pura causa de desejo e o objeto a passado ao campo do Outro, quando um investimento é transferido para objetos historizados, vestidos com as imagens e os significantes do discurso. A fantasia, portanto, é o produto desta transfusão de a para o campo do Outro. Mais tarde, no seminário Mais ainda, Lacan referese à imagem como vestimenta que envolve o objeto a, causa de desejo, afirmando que o amor se dirige ao semblante (op. cit., p. 125).

Ao objeto tornado alvo do desejo, Soler irá designá-lo objeto sintoma. Aí se encontra o que Lacan enunciou como modelo do pai que apresenta o exemplo de uma solução para a indeterminação do desejo, sendo a condição de superação de angústia, pois há para ele um a assegurado, fixado. Portanto, um pai é a figura de uma solução sintomática que aponta a via da suplência, a partir de seu sintoma. Ele pode ter outros sintomas, mas é por esse que ele traz a função de enodar o ICSR à verdade da fantasia, com seu dizer de nomeação.

Só há amor por um nome e só há superação da angústia quando o Outro é nomeado. Cito Lacan, no seminário A angústia (op. cit., p. 366). Melhor tradução de tais frases, encontrei no verso "Teadoro, Teodora", do poeta Manuel Bandeira, inventor do verbo teadorar.1

Duas afirmativas se esclarecem: o sintoma supre a ausência da relação sexual e a segunda, enunciada no seminário Mais ainda: "O que vem em suplência à relação sexual é precisamente o amor" (op. cit., p. 62).

A passagem ao espaço do Outro é o que fundamenta a transferência, considera Soler, que afirma ser o SsS (no qual o objeto está latente) um outro nome ao que Lacan denominou campo do Outro. "O que faz da análise uma aventura singular é a busca do agalma no campo do Outro" (1962-63/2005, p. 366).

 

O amor de transferência: condição e obstáculo do tratamento

É pela via do amor que a análise opera, sabemos disso desde Freud (1915[1914]/1986), que não duvidava da autenticidade deste amor, ainda que não recíproco. Também Lacan não duvidou, chegando a afirmar que sua formulação sobre o SsS mostra que a transferência não se distingue do amor, pois "aquele a quem eu suponho o saber, eu o amo" (1972-73/1985, p. 91), sendo, portanto, condição do tratamento por ser um amor que se dirige ao saber. No entanto, em sua vertente resistente obstaculiza o processo analítico, ao não querer saber nada disso.

No Seminário 10, apresenta o amor de transferência como um amor presente no real (op. cit., p. 122), alertando que nada alcançaremos a respeito do conceito de transferência, se ignorarmos que ela também é consequência desse amor presente, ressaltando a questão central da transferência, sobre o que falta ao sujeito, pois é a partir da falta que ele ama.

No seminário A transferência (1960-61/1992), Lacan buscou o Banquete de Platão para nos mostrar do que se trata na transferência, que não pode ser apreendida fora do registro indicado como o lugar de a, o objeto mais-de-gozar, o agalma, na relação de desejo.2 "Mesmo que o sujeito não o saiba, já é no outro que o pequeno a funciona" (Ibid., p. 194). Este é um efeito legítimo e irredutível da situação transferencial.

Lacan já nos alertara no Seminário A Angústia (op. cit., p. 170), para a função do desejo no plano do amor; ele intervém no amor, sendo seu pivô essencial, porém o desejo não diz respeito ao objeto amado. O analista, aquele que passou pela experiência, sabe sobre a função do desejo e do objeto-causa. Ele sabe sobre o segredo chocante do funcionamento do desejo, dissimulado pelo amor de transferência, em sua versão resistência: o Outro se reduz ao objeto a. Desejar o Outro nunca é senão desejar o a (Ibid., p. 198). O desejo aiza o parceiro.3

 

Um amor mais digno

Soler (2012, p. 188) se refere ao termo empregado por Lacan em Carta aos Italianos: "amor mais digno" (1973/2003), ao qualificar que a análise não é sem efeito sobre o amor. Portanto, podemos apostar que uma análise orientada para o real possa fazer surgir um amor mais digno, aquele que não acredita no parceiro, uma forma de sintoma socializante. A Psicanálise não o prescreve. Este amor ateu, menos tagarela, pode acontecer, pois a análise é capaz de provocar mudança, mas o bom encontro, ela não pode prometer, embora possa criar as condições de possibilidade, ao provocar as des-identificações, liberando o sujeito das restrições que a repetição impunha. A análise revela que o amor é repetitivo, sempre a mesma decepção, ao esperar um efeito de ser. E o amor repetitivo trabalha na direção da conformidade. Porém, há escolhas discordantes que não obedecem nem ao ideal, nem à fantasia.

Lacan afirma no seminário Mais ainda que o reconhecimento de sujeito a sujeito, onde sujeito é apenas efeito do saber inconsciente, é a maneira pela qual a relação dita sexual para de não se escrever (op. cit., p. 198). Ponto de suspensão, contingência, instante "infinito enquanto dura".4 Momento em que nosso desejo estende a mão para a acha ardente e, da chama, por um instante, outra mão se estende para nós, bem como seu desejo.

O termo reconhecimento indica a função nova que o amor assume, revelar a presença e os efeitos do inconsciente real (SOLER, 2012). Índice não de uma intersubjetividade, mas de um inter-reconhecimento entre dois falasseres que trazem, cada qual, as marcas de seu exílio, pois quem fala só tem a ver com a solidão, no que diz respeito ao impossível da relação sexual. Dois falasseres, duas disparidades desejantes. Afinidade que não faz identificação, nem traz uma identidade. A partir de tais considerações, talvez se possa alcançar a frase que instigou esta produção: uma relação de amor possível, que desta vez reconhece o outro, unicidade solitária.

O amor é posto à prova ao se defrontar com o impossível. Diante da impossibilidade, pode surgir a relação de amor possível, alternativa ao amor que visa ao complemento de ser, ao cessar os amores com a verdade e a miragem de completude, uma vez consentida a sorte de falasser.

 

Referências

FREUD, S. (1914). Puntualizaciones sobre el amor de transferencia. Obras Completas de Sigmund Freud. Tradução de José Luis Etcheverry. Buenos Aires: Amorrortu Editores, vol. XII, 1986, pp. 159-174.         [ Links ]

LACAN, J. (1960-61). O Seminário, livro 8: a transferência. Tradução de Dulce Duque Estrada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992. 386p.         [ Links ]

__________. (1962-63). O seminário, livro 10: a angústia. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. 367p.         [ Links ]

__________. (1964). Posição do inconsciente. In: LACAN, J. Escritos. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998, pp. 843-864.         [ Links ]

__________. (1964). Do "Trieb" de Freud e do desejo do psicanalista. In: LACAN, J. Escritos. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998, pp. 865-868.         [ Links ]

__________. (1964). O Seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Versão brasileira de M. D. Magno. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. 269p.         [ Links ]

__________. (1972-73). O Seminário, livro 20: mais ainda. Versão brasileira de M. D. Magno. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. 201p.         [ Links ]

__________. (1973). Nota italiana. In: LACAN, J. Outros escritos. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003, pp. 311-315.         [ Links ]

SOLER, C. Lacan, o inconsciente reinventado. Tradução Procópio Abreu. Rio de Janeiro: Cia. de Freud, 2012. 234p.         [ Links ]



“O amor me pegou
E eu não descanso enquanto não pegar
Aquela criatura” [ii]

O gozo é do corpo próprio, o desejo é do sujeito, efeito da articulação significante tributária da submissão à linguagem. Entre eles, o amor como ponte, como o que faz laço, como o que “pega”.

O gozo não descansa, tem a mesma batida sempre, é autoerótico, é atributo do corpo vivo. No entanto, a partir da ação da linguagem sobre o corpo, da entrada no campo do Outro, perde-se o acesso direto ao gozo. Ser falante implica em necessitar do amor para alcançar o gozo. Inversamente, enquanto localizado no corpo, o gozo deverá passar pelo amor para encontrar o desejo ou, como diz Lacan “propor-me como desejante, eron,é propor-me como falta de a e é por essa via que abro a porta para o gozo do meu ser”[iii].

No ensino de Lacan o Seminário 10 é, digamos o ponto alto do objeto a senão vejamos: é o que anuncia a presença da angústia, afeto que não engana e sinal do real; é resto que cai do corpo e deixa bordas pulsantes; é marca singular de gozo e é segundo Lacan, o que dá acesso ao Outro.

Então, como é que o amor entra nessa história? Como engano, diz Lacan, como véu, cuja fórmula escreveu i(a). É a imagem, por onde o corpo é apreendido em sua forma, que vem esconder o estatuto de resto, de dejeto do objeto mais-de-gozar, tornando-o brilhante e belo, amável, para além da criatura que se procura na pista escura, sempre extraordinária, para quem nela vê um traço do seu gozo singular.


[i] Lacan, J. – Seminário Livro 10: A angústia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p. 197.
[ii] Caetano Veloso/Cássia Eller – Gatas Extraordinárias: Álbum: Sem você meu mundo ficaria completo. Universal Music.

[iii] Cf. Lacan, J. – Op. cit., p. 198





O nó do amor

Ligia Gomes Víctora

O que eu apresento a vocês hoje é um trabalho em desenvolvimento. Uma questão que ficou a partir dos nossos estudos no Cartelão e no Seminário de Topologia da APPOA, que eu pensei em dividir com vocês, justamente para avançarmos nesta discussão, pois Lacan a deixou em aberto e não foi devidamente desenvolvida depois. [1]

O que eu apelidei de nó do amor seria a maneira de se manterem juntos um homem e uma mulher, ou um casal qualquer de seres. Dois seres heterodoxos, como sujeito e objeto de desejo, que, como Erastés e Eroménon de Platão, podem trocar de posição um com o outro, num movimento de gangorra – onde: ora um é o amante e idolatra o amado – que fica se fazendo – ora é o amado que cai para a posição de apaixonado, suplicante pelo outro. E o que antes amava é agora o amado. Para ilustrar este jogo, Lacan nos deixou esta maravilha que é o Nó do fantasma – reapresentado como Nó da relação sexual.

A questão é – será que este nó dá conta de uma especificidade que possa, finalmente, justificar ou esclarecer a diferença sexual?

I.Instante de ver os nós Borromeus

Um pouco da história dos nós na trajetória de Lacan. A cadeia borromeana é simplesmente uma cadeia de três nós livres. Esta é a definição mais simples e correta. Lacan costumava chamar de nó borromeu, ou, carinhosamente, de nó bo.[2] Quando de sua apresentação, no Seminário Ou pior... [3], ele relata:

Uma coisa estranha me aconteceu ontem, enquanto que eu me interrogava sobre de que maneira lhes apresentaria hoje a minha geometria da tétrade. Jantando com uma pessoa encantadora que assiste aos cursos de M. Guilbaut, que, como um anel no dedo [4] me presenteou algo que quero lhes mostrar agora. Algo que não é nada menos, parece, que o emblema dos Borromeus.[5]

No início, então, parece que Lacannão sabe bem para que iria servir aquilo, mas tem uma intuição de que acabara de descobrir algo maravilhoso, tanto que – mais novidadeiro que mulher com roupa nova – se apressa em exibir! Como um anel – pois é justamente disso que vamos tratar: o nó do fantasma – uma aliança, um elo entre sujeito e objeto do desejo.

Figura 1 – Nó borromeu

A apresentação foi simples assim. Não fez os cruzamentos, apenas a projeção no plano em D2. A questão dele, àquele dia, era sobre a dialética do desejo– Eu te peço – que recuses – o que eu te ofereço – porque não é isso. [7]

A propósito, quando da apresentação do nó, em 1972, Lacan vinha tratando do diálogo de Platão Parmênides, sobre o que é do Um e o que é do Outro – uma relação entre dois – mas, nesta aula, ele diz que pretende ilustrar uma operação de quatro termos – no entanto, mostra a imagem de um pentágono. Só que, o que queria demonstrar não continha cinco elementos – como veremos – contém mais um, denegado: o mais importante de todos! O objeto do desejo – “isso” – denegado, fica de fora. [8]

Figura 2 – Pentágono

Ora, Lacan utiliza os termos tétrade quadrípoda – que fazem menção a algo de quatro pés – enquanto desenha o quê? – Um pentágono! E eis que aí se atravessa esta maravilha no seu caminho e ele aproveita – embora a cadeia borromeana que apresenta tenha apenas três aros e o que ele queria demonstrar era um grupo – conforme ele – de quatro – mas que, na verdade, continha cinco e mais um – ou seja, seis termos!

Então, há um erro nesta conta! Um lapso de Lacan. Podemos ver que, como Freud diria, há uma tendência à depuração: de seis passa para cinco termos – pela denegação e recalcamento do objeto (não é isso); mas ele afirma que são quatro – os quais pretende reduzir para três; e, no final, sobrarão apenas dois – para o nó da relação sexual. De fazer inveja ao próprio Occan e sua navalha!

Para encaixar uma quadra na cadeia a três, Lacan teria de projetar um tetraedro sobre o nó Borromeu. Para os que não lembram ou não acompanharam os seminários de Lacan desde o início, isto faz sentido porque toda lógica de Lacan é quaternária (enquanto que a lógica freudiana tinha três termos – Édipo, mãe e pai. Eu, Isso, Supereu. Consciente, Inconsciente, Pré-consciente. Inibição, sintoma e angústia. Amor, ódio, reparação. Privação, frustração, castração, etc... Já Lacan se inspira na teoria ou análise de Grupos, como o Erlanger Programm de Felix Klein.[9] Um grupo onde cada termo pode se transformar no outro através de uma operação simples, de giro de 180 graus – que Lacan chama de rebatimento. A mesma propriedade que ocorre com a cadeia borromeana: cada círculo pode ocupar o lugar do outro.

Figura 3 – Pirâmide projetada sobre a cadeia borromeana

Figura 4 – Modelo dos esquemas tetraédricos de Lacan

A forma básica dos esquemas tetraédricos (quadrangulares) de Lacan é a de um envelope projetado no plano.

 

Neste formato – entre outras coisas – ele organiza seus quatro discursos, a lógica da alienação, seus esquemas L, R e I, e as fórmulas da sexuação. Este mesmo tetraedro tem infinitas projeções no plano D2.

Figura 5 – Projeções do tetraedro no plano D2


Também pode assumir a forma de um balão de São João – que é como Lacan (1974) vai trabalhar a passagem do nó às fórmulas da identificação sexuada.

Figura 6 – Mais projeções do tetraedro

II.Tempo para compreender...

Um ano se passa desde o lançamento do nó no seminário Ou pior (09/02/1972), e Lacan volta com tudo. Durante todo aquele ano – sabe-se pelo relato de testemunhas – ele passou enredado em cordões, e solicitando seus ouvintes matemáticos a todo instante para lhe explicarem questões da Topologia e dos nós.

Finalmente, no seminário Mais ainda, Lacan (1973) desenvolve a cadeia anunciada, e demonstra que já se preocupava com uma passagem possível entre dimensões [10].

Como passar da terceira dimensão (D3) para a quarta dimensão (D4)? É fácil: basta adicionar a dimensão do Tempo. Mas: e para reduzir de quatro para três dimensões? Para dar conta disto, no final deste seminário [11], ele puxa novamente as coordenadas cartesianas – ora transformadas em cubo, ora em eixos ou bastões.

Figura 7 – Coordenadas cartesianas no espaço D3

Vejam que os nós podem ser dispostos no espaço conforme as três dimensões do espaço cartesiano – basicamente altura, largura e profundidade.

Figura 8 – Cadeia borromeana disposta conforme coordenadas cartesianas

Retornando à relação entre o nó e as fórmulas, que é a nossa questão, mais um ano se passa e Lacan (1973-74) [12] brinca, então, com trísceles, que ele chama de triskel.

Figura 9 – Triskel de Lacan

Assim ele apresenta o triskel no seminário Les non-dupes errent, lição de 14/05/1974. A orientação só faz sentido se os nós forem projetados no plano.

Figura 10 – Outras imagens de trísceles

Um tríscele (do grego triskelion) significa "com três pernas". É um símbolo formado por três espirais entrelaçadas, por três pernas humanas flexionadas ou por qualquer desenho similar contenham a ideia de simetria rotacional [Wikipedia]. Trísceles, em diferentes apresentações, constituíram brasões de famílias celtas e foram símbolos de várias culturas europeias e bretãs da antiguidade.

Figura 11 – Os giros dos nós

Lacan costuma utilizar trísceles para simbolizar a amarração central da cadeia borromena. Orientando-os com vetores (setas) para direita e esquerda, orientava assim o nó borromeu.

A questão que muitos devem estar se fazendo é: por que Lacan precisa orientar os nós? Seria para diferenciá-los entre si? Mas, não é estranho que depois de fazer de tudo para encontrar uma estrutura que desse uma igualdade de condições para os três registros, agora ele tenha de diferenciá-los? E ele vai tentar fazê-lo de toda maneira: vetorizando, colorindo, girando, virando do avesso, espelhando (como no grupo de Klein). Sempre lembrando que – mesmo gostando de manipular os nós feitos de cordões, Lacan trabalha com projeções – ou, dito de outra forma: imersões no plano D2. Precisa disto para criar uma tela de fundo onde delimitar os campos – de gozo, do Inconsciente, do sintoma. (Embora mais tarde ele fosse abrir os nós...). Com a imersão ou projeção da cadeia borromeana no plano (D2criam-se, finalmente, espaços. A orientação só faz sentido se os nós forem projetados no plano. 

Figura 12 – Cadeias borromeanas orientadas

Estes desenhos da figura 12 são exemplos da orientação dos nós. Lacan brinca com isto, com a ajuda de seus alunos matemáticos, Michel Thomé e Pierre Soury [13]. Já quando essa cadeia é tomada em um espaço de quatro dimensões (D4) – como quando é feita com cordas, ela até pode ser orientada, para explicar como deve ser montada, mas não há diferença entre seus elos e matematicamente têm todas a mesma classificação que a cadeia a três generalizada – não importa que forma assuma. Nós soltos de cordas são disformes, não param quietos e não se prestam para definir sítios, embora sejam plásticos e fáceis de manejar.

Contudo, os nós sempre podem ser retirados do plano e mergulhados no espaço. Lacan adorava fazer estas passagens entre dimensões. Como vamos ver, o nó da sexuação foi obtido assim.

Sabemos que o significante fálico organiza e, de certa forma, vetoriza a rede de significantes, transformando-a num grafo – cujas setas indicam a direção por onde os significantes se comunicam – tanto que, às vezes, pode-se adivinhar o que paciente vai associar em seguida. Assim, também, orientar a Cadeia RSI poderia ser um modo de organizá-la, de dar um sentido na amarração do Real, do Simbólico e do Imaginário.

Retornando ao seminário Les non-dupes-errent [14], Lacan preenche as coordenadas cartesianas em formato de um cubo cartesiano: revelam-se quatro quadrantes[15] principais – diferenciados na figura 11 abaixo – que correspondem ao mergulho do nó bo no espaço D3. Pelo quê, podemos demonstrar que existe homeomorfismo possível da dita cadeia borromeana e as coordenadas cartesianas, isto é, desde que sejam mergulhadas no espaço-tempo.

Figura 13 – Cadeia borromeana inserida em um cubo cartesiano com os quatro quadrantes principais

Bem, como sabemos, para a lógica da sexuação, Lacan recorre à lógica modal de Aristóteles, conforme a abordagem de Peirce. (Figura 10) São quatro combinações possíveis, entre os dois quantificadores – o Universal e o Particular (A e E virados); o sujeito X; e o operador Fi – no caso – da castração. E há ainda a negação (menos), que deve ir sempre antes – ou sobre – o operador: nunca se nega o quantificador na lógica clássica. [16]

Figura 14 – Lógica clássica

Com a revolução de Lacan na lógica, negando os quantificadores, todas as possibilidades seriam:

Figura 15 – Todas as possibilidades da fórmula, negando-se os quantificadores

Os quatro primeiros (de 1 a 4) correspondem à lógica modal de Aristóteles. Os assinalados (intercalados) são os de Lacan (1, 4, 5 e 8). Observem que se todas as oito opções fossem válidas, seria uma teoria inconsistente, pois as afirmações se contradizem. Então há que se optar.

Lacan opta por quatro das oito fórmulas, sempre naquela lógica do intervalo: um-entre-dois.

Como vimos acima, Lacan, no seminário Les non-dupes-errent [17], faz o seguinte exercício: divide o espaço cartesiano em quatro, depois em oito quadrantes. As oito fórmulas acima poderiam ser representadas nos oito campos ou nos oito vértices do cubo.

Figura 16 – Cubo cartesiano dividido em oito quadrantes

Completando, na figura abaixo, com a aplicação das oito fórmulas nos vértices do cubo (hexaedro).

Figura 17 – As oito possibilidades aplicadas ao cubo

Em seguida, Lacan (14/05/1974) retoma o diamante dos primeiros seminários, agora com outra função: em suas pontas serão dispostas as fórmulas da identificação sexual. Ele é, na verdade, uma pirâmide perfeita e pode ser inserida num cubo. Um tetraedro de aresta [a = (x .√2)], sendo x = a medida da diagonal do lado do hexaedro onde ele vai ser inserido. Há uma lógica para encaixar: a pirâmide deve ligar um entre dois vértices do cubo. Sempre nas diagonais das faces deste, já que o tetraedro tem quatro vértices enquanto que o hexa tem oito! [18]

Lacan escolhe quatro delas... As fórmulas da sexuação são as quatro que ficam nos vértices comuns ao tetra e ao hexaedro.

Figura 18 – Fórmulas da sexuação de Lacan

Rigorosamente falando dentro da lógica, os dois lados são equivalentes e se contradizem internamente. Mas, como sempre, se por um lado há um ganho na sintaxe (função na frase), paga-se caro na semântica. Lacan opta pela semântica (significado), violando as regras formais da lógica.

O que dizem suas fórmulas? (Figura 14)

1) Do lado macho: Todo homem é castrado simbolicamente, mas existe ao menos um que contraria a regra – seria o pai incastrado, o número zero que dá origem à série, ou aquele que organiza o conjunto dos homens, pautado pelo falo.

2) Do lado fêmea: Não existe nenhuma que não seja castrada fisicamente, isto é, elas não têm o falo no corpo – por isso têm uma relação mais livre com o Nome-do-pai, a dívida não é tão voraz, digamos, como para com os homens que gozam de uma garantia maior, porém têm que pagar caro por este crédito.

Simplificando, para caber no cubo, deve-se ligar um vértice e pular outro. Há uma estrutura que se repete. Não sei se Lacan se dava conta – creio que não, pois nunca falou disso – de que assim fundava um espaço de Hausdorff: conexo (uma só parte), compacto (sem furos), localmente euclideano bi-dimensional, ao qual se poderiam aplicar todas as leis da Topologia – homeomorfismos, vizinhanças entre os pontos, e todos os invariantes topológicos.

Figura 19 – Diamante de Lacan

Orientando o tetraedro: com as quatro fórmulas da sexuação, teríamos um grafo, em que todos se comunicam em igualdade de condições.

Nos vértices que são comuns aos dois sólidos – tetra e hexaedro – Lacan aplica as fórmulas da sexuação. Pode-se passar de uma a outra através do caminho escolhido. Por que Lacan visaria a esta acessibilidade – de uma a outra fórmula? Parece que quer provar uma passagem possível entre o lado masculino e o lado feminino!

E como passar daí ao nó? Ou seja:

– Qual a relação entre o nó borromeano e as fórmulas da identificação sexuada?

Lacan [19] relata que lhe perguntaram em algum lugar – e, como sempre, quando não sabe, ele vai se informar, e refletir antes de responder.

– Num lugar onde trabalhava, me perguntaram que relação tinha o nó borromeano com o que eu havia enunciado acerca das quatro – diria eu – opções, chamadas de identificação sexuada. Em outros termos, que relação podia ter isto com o “E de X fi de X” [20]; o “E de X não-fi de X; o “A de X fi de X”; e o “não-A de X fi de X”. [21]

Para dar conta desta questão, faz toda esta passagem relatada acima, que parece forçada: partindo da cadeia borromeana, passa pelos giros dos nós – simplificados em forma de triskel – depois pelas coordenadas cartesianas, daí isto se transforma em um tetraedro inscrito num hexaedro.[22]

Por fim, Lacan chega ao seu “diamante”, um losango, em cujos vértices aplica as fórmulas da sexuação. Ora, para se fazer essa operação, seria preciso sair da geometria (plana) euclideana, para a geometria projetiva – um salto de mais de 2000 anos nas ciências – e daí passar para a teoria dos nós – outro salto a mais um século adiante! Bem, para Lacan estes pulinhos eram banais – sua imaginação permitia fazer passagens entre referenciais teóricos, assim como entre dimensões, que somente agora estão sendo aceitos pelas Ciências, e pouco a pouco, sendo formalizados. [23]

Então, se a cadeia borromeana for projetada no plano, quantos campos ela tem? Sete! Para haver isomorfismo entre ele e as coordenadas precisaria ter oito campos... Então, onde se localizaria a oitava? Ex-sistente... (do lado de fora)!

Figura 20 Cadeia borromeana com os campos

Voltando ao seminário Les non-dupes errent, lição XIII, de 14/05/74: Lacan organiza seu tetraedro em torno de quatro vizinhanças de pontos estrategicamente colocados (dos oito pontos possíveis, escolhe quatro regiões do nó Bo: os campos simples de cada nó e o campo central comum aos três).

Em cada uma postará uma das fórmulas da sexuação. Todas se comunicam por pelo menos um ponto comum de vizinhança. Lacan consegue assim relacionar as quatro fórmulas com a cadeia borromeana.

C.Q.D.” - Como Queria Demonstrar!

Figura 22 – Fórmulas da sexuação no nó borromeu

Lembrando que, para essas operações serem possíveis, é preciso projetar os nós no plano D2: é necessária a consistência do pano de fundo para poder ocupar as áreas intersticiais.

O que Lacan quer provar com isso? Palpites:

1.Simbolizar a passagem possível de um sexo ao outro? – E ainda, sem mudar o nó?!

2.Demonstrar que seja qual for a identificação sexual – masculina ou feminina – todas são marcadas – e até mesmo determinadas – pela castração?

3.Que, tanto faz, macho, ou fêmea, ou numa das oito fórmulas possíveis – o sujeito neurótico tem o mesmo nó, e este é borromeu?

4.Ou ainda (cf. Darmon [24]) porque, para passar de uma posição masculina a uma feminina ou vice-versa, não basta uma operação I, R ou S, mas se tem que mexer – fazer um rebatimento – com pelo menos dois dos seus componentes?

5.Ou: todas opções são verdadeiras!

III. Momento de concluir, ou melhor, de desconstruir a cadeia borromeana

Agora o pulo do gato.

Mais dois anos se passam, e estamos no seminário Le Sinthome. Lacan (1976) [25] já utiliza as cadeias a quatro elos livres e está muito mais ousado em suas cirurgias com os nós.

Lacan faz mais uma depuraçãoenxuga o nó borromeu de três para formar o nó do fantasma, de dois elos – através da homogeneização das cadeias extremas (sic). Conforme Marc Darmon (2004), seria a junção dos nós do Simbólico e do Imaginário, a exemplo do Esquema R, em que o Real, fica no meio, unindo as outras duas consistências. (Demonstração).

Figura 19 – A redução de três para dois elos

Esta cirurgia não é possível sem se cortar os dois elos das pontas e ligá-los – logo, não repeitando as antigas vizinhanças, mas mantendo o mesmo material inicial – isto é, para pensar clinicamente, os significantes da rede do paciente são os mesmos, só serão costurados em diferentes arranjos. Isso demonstra como na direção do tratamento, o analista precisa cortar o discurso – com as pontuações, interpretação – resguardando a história do paciente, que não muda, só vai ser lida de outro jeito.

Figura 20 – Nó do fantasma

O nó do fantasma, que é o mesmo nó da relação sexual… É a chamada cadeia de Whitehead[26] (matemático que formalizou esta cadeia de dois nós), de 1934.

Suadefinição é: uma cadeia ou enlace de dois nós livres, enlaçados de forma tal que não se intersectam entre si, mas permanecem independentes. (Figura 21)

Figura 22 – Cadeias de Whitehead

Todas essas são cadeias de Whitehead. Lacan diferencia imaginariamente cada uma, como sendo os nós da relação sexual, da não-relação sexual e do fantasma... Mas, matematicamente, são todas a mesma cadeia.

Vejam que fechamos o círculo com o que eu disse no início, e que Lacan falara quando da apresentação do nó – que ele tratava do diálogo de Platão Parmênides, sobre o Um e o Outro – uma relação entre dois termos. Agora, Lacan (1976) se interroga sobre os dois modos possíveis de amarração entre homem e mulher. Sua demonstração [27] é difícil, mas ele brinca com a cadeia de Whitehead, intercambiando os nós – sendo um em forma de infinito, outro em forma de círculo – mostrando que ambos se encontram em igual posição.

Utiliza esta cadeia a dois nós livres para demonstrar que não se pode escrever logicamente a relação sexual, uma vez que ambos são iguais, logo, não podem fazer uma função matemática, a não ser a da própria igualdade. Conforme Lacan, uma relação, no sentido estrito, só existiria se não houvesse equivalência entre os dois termos. Nesta lógica – formal – somente se admitir a diferença sexual poderia haver relação. Mesmo que não ocorra formalmente, mas a relação se dá pelo sintoma. Só existe relação na medida em que há sintoma – diz Lacan nesta lição. [28]

O que podemos retirar disso sobre a sexuação? Que a problemática da relação masculino-feminino é um fato de escritura e de inscrição na linguagem.

Logo, a sexuação – como todo discurso – é um ato simbólico. Não fosse assim, seria um acting-out ou uma passagem ao ato, um ato en-corps. Enquanto que, sendo um ato simbólico – assim como o ato analítico, ou o ato de declaração da Independência, etc... – é acima de tudo ato de linguagem. – Eu declaro solenemente, que sou... Cada um em algum momento da vida faz a sua declaração de sexo.

Pois nós entendemos, como Freud e Lacan, que um Sujeito humano é um ser feito e efeito de significantes, logo seus atos são atos de linguagem. O nó Borromeu de Lacan é uma escritura formal, matematizável, de como se mantêm juntos – pelas leis da linguagem – o real, o simbólico e o imaginário para um sujeito. Justamente para dar conta desta escrita formal, Lacan precisou utilizar a Topologia e a teoria dos nós: para escrever formalmente o sujeito e suas relações com seu objeto de desejo.

Bibliografia

DARMON, Marc. Essais sur la Topologie Lacanienne. Ed. Interna da Associação lacaniana internacional. Segunda edição. Paris, 2004.

LACAN. J.M. Seminários originais em francês, disponíveis no site www.gagoa.free.fr

Acesso em 27/06/2013.

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